Interprete

Padrão

Palavras mentem por si só, falam de algo que nem sentem. E ainda tão preso a elas cabe a mim escolher ser palavra ou aquilo ao qual as palavras se referem. É triste ou lágrimas são tudo aquilo que precicisava, sim, palavras-lágrimas escorrem pelas linhas a esmo preenchendo aquilo que já nenhum pensamento estruturado poderia conceber. É solitária ou a ausência é o limite máximo para a platéia dessa peça de mal gosto onde todos os meus desvios são exibidos e interpretados por minha consciência, nesse roteiro improvisado pelo egoísmo agora revelado contra mim me causa a extranhesa de quem não se reconhece ao espelho e logo o arrependimento, sim, palavras-solidão, lidam muito bem comigo mesmo, ao ponto de  me renderem, julgarem, e ao sinal de cumprida a pena do arrependimento me libertam.  É fria e sem tato ou a asperesa que me choca e inquieta é a medida perfeita para meu sinismo velado, que às escondidas me faz de mocinho enlatado, escolhe bandidos, pinta cenários, na tentativa de entreter meu ego; sim, palavras-gelo que congelam cada movimento meu, craquilhando minhas juntas, desmantelando minhas bombas sem uma  explosão sequer. É verdadeira ou mentirosa, é doce ou amarga, sorrateira ou transparente? Efim, são palavras, e eu as domino, quando não o contrário, mas sempre as digo.