Templo antigo das alegrias modernas.

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Ao longo do tempo algumas costuras e emendas do cenário vão aparecendo, detalhes que passavam despercebidos agora fazem todo o sentido, mais até do que as próprias alegorias coloridas que nos chamaram tanto à atenção. Na busca de uma realidade aumentada ou uma ilusão mais profunda, a nitidez ainda parece um conceito distante, e nisso a tecnologia não poderá nos ajudar. Os pontos luminosos perderam o brilho, o mito tem cheiro de motim. O parque de diversões já não diverte mais, todo aquele barulho e movimento repetitivo começa a nos dar náuseas. Todos os dias, na intenção de nos manter entretidos, fazemos um esforço contra a nossa natureza “doente” de querer se aprofundar. Ficamos viciados em sorrisos, e hoje eu sei, não há nada mais superficial que um sorriso, um sorriso forçado diria mais. Eles sempre conseguiam, eu mesmo sempre consegui, agora já não sorrio tanto, existe uma seriedade e uma tristeza ao ver o celofane, as colagens mal diagramadas, a marca do pincel, a falha na impressão com os dizeres de um Deus bonzinho. Eles riem e se divertem, e eu não compreendo como podem achar tão divertido reproduzirem o mesmo destino de seus pais. Essa sensação de ter sido enganado seria mais amena se pudéssemos por a culpa em alguém além de nós mesmos, mas infelizmente não é possível. E ao reconhecer o falso, após a dor da aparente perda, vem a paz do encontro com a certeza, aquilo que nós achávamos ter escolhido nos escolheu. No início fazemos todas as nossas escolhas, mas no final veremos que nossas escolhas é que nos fazem.